terça-feira, 17 de julho de 2012

Questões do ENEM - Língua Portuguesa


Segue algumas questões de Português que caíram no Emen 2004 e 2009: 
Se vocês puderem  imprimir na próxima aula discutimos as respostas

Instruções: As questões de números 1 e  referem-se ao poema abaixo.

Cidade grande
Que beleza, Montes Claros.
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
(Carlos Drummond de Andrade)

6. (ENEM/2004) Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a
a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem.
b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos.
c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica.
d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.
e) prosopopéia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.

7. (ENEM/2004) No trecho “Montes Claros cresceu tanto,/ (...),/ que já tem cinco favelas”, a palavra que contribui para estabelecer uma relação de conseqüência. Dos seguintes versos, todos de Carlos Drummond de Andrade, apresentam esse mesmo tipo de relação:
a) “Meu Deus, por que me abandonaste / se sabias que eu não era Deus / se sabias que eu era fraco.”
b) “No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu / a ninar nos longes da senzala — e nunca se esqueceu / chamava para o café.”
c) “Teus ombros suportam o mundo / e ele não pesa mais que a mão de uma criança.”
d) “A ausência é um estar em mim. / E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, / que rio e danço e invento exclamações alegres.”
e) “Penetra surdamente no reino das palavras. / Lá estão os poemas que esperam ser escritos.”



ENEM 2009
Questão 92 - Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo?
Cliente – Estou interessado em financiamento para compra de veículo.
Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de crédito. O senhor é nosso cliente?
Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou funcionário do banco.
Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá em Brasília? Pensei que você inda tivesse na agência de Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma.

BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado).

Na representação escrita da conversa telefônica entre a gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira de falar da gerente foi alterada de repente devido

A)  à adequação de sua fala à conversa com um amigo, caracterizada pela informalidade.
B) à iniciativa do cliente em se apresentar como funcionário do banco.
C) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia (Minas Gerais).
D) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu nome completo.
E) ao seu interesse profissional em financiar o veículo de Júlio.

Questão 95 - No programa do balé Parade, apresentado em 18 de maio de 1917, foi empregada publicamente, pela primeira vez, a palavra sur-realisme. Pablo Picasso desenhou o cenário e a indumentária, cujo efeito foi tão surpreendente que se sobrepôs à coreografia. A música de Erik Satie era uma mistura de jazz, música popular e sons reais tais como tiros de pistola, combinados com as imagens do balé de Charlie Chaplin, caubóis e vilões, mágica chinesa e Ragtime. Os tempos não eram propícios para receber a nova mensagem cênica demasiado provocativa devido ao repicar da máquina de escrever, aos zumbidos de sirene e dínamo e aos rumores de aeroplano previstos por Cocteau para a partitura de Satie. Já a ação coreográfica confirmava a tendência marcadamente teatral da gestualidade cênica, dada pela justaposição, colagem de ações isoladas seguindo um estímulo musical.

SILVA, S. M. O surrealismo e a dança. GUINSBURG, J.; LEIRNER (Org.). O surrealismo. São Paulo: Perspectiva, 2008 (adaptado).

As manifestações corporais na história das artes da cena muitas vezes demonstram as condições cotidianas de um determinado grupo social, como se pode observar na descrição acima do balé Parade, o qual reflete

A)  a falta de diversidade cultural na sua proposta estética.
B) a alienação dos artistas em relação às tensões da Segunda Guerra Mundial.
C)  uma disputa cênica entre as linguagens das artes visuais, do figurino e da música.
D)  as inovações tecnológicas nas partes cênicas, musicais, coreográficas e de figurino.
E)  uma narrativa com encadeamentos claramente lógicos e lineares.

Questão 98 -

      Para o Mano Caetano

1    O que fazer do ouro de tolo
      Quando um doce bardo brada a toda brida,
      Em velas pandas, suas esquisitas rimas?
4    Geografia de verdades, Guanabaras postiças
      Saudades banguelas, tropicais preguiças?

      A boca cheia de dentes
7    De um implacável sorriso
      Morre a cada instante
      Que devora a voz do morto, e com isso,
10  Ressuscita vampira, sem o menor aviso

[...]
      E eu soy lobo-bolo? lobo-bolo
      Tipo pra rimar com ouro de tolo?
13  Oh, Narciso Peixe Ornamental!
      Tease me, tease me outra vez (1)
      Ou em banto baiano
16  Ou em português de Portugal
      Se quiser, até mesmo em americano

      De Natal
[...]

(1)  Tease me (caçoe de mim, importune-me).

LOBÃO. Disponível em: http://vagalume.uol.com.br . Acesso em: 14 ago. 2009 (adaptado).

Na letra da canção apresentada, o compositor Lobão explora vários recursos da língua portuguesa, a fim de conseguir efeitos estéticos ou de sentido. Nessa letra, o autor explora o extrato sonoro do idioma e o uso de termos coloquiais na seguinte passagem:

A)  “Quando um doce bardo brada a toda brida” (v. 2)
B)  “Em velas pandas, suas esquisitas rimas?” (v. 3)
C)  “Que devora a voz do morto” (v. 9)
D)  “lobo-bolo//Tipo pra rimar com ouro de tolo? (v. 11-12)
E)  “Tease me, tease me outra vez” (v. 14)


Questão 99 - 
Cárcere das almas

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!

CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.

Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são 
A)  a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos.
B)  a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista.
C)  o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais.
D)  a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras.
E)  a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano.



sexta-feira, 13 de julho de 2012